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terça-feira, 20 de agosto de 2013

PREGADOR DIANTE DA MORTE

O padre José Bortolotte, mais conhecido como Padre Zezinho, faleceu em virtude de complicações causadas pelo diabetes no final da noite do ultimo dia 08 de agosto em Maringá.

Padre Zezinho foi autor de 1.500 canções religiosas, tendo gravado 120 discos e escrito pelo menos 55 livros, escreveu o artigo abaixo sobre um tema que atinge a todos nós, seres humanos, limitados, frágeis e carentes de Amor!

Salve Padre Zezinho! Vive na sua obra e exemplo!


“Quando me perguntam a respeito da morte, eu, que sou pregador cristão, começo falando da minha e deixo claro que sei que um dia vou morrer e não sei o dia. E acrescento que por isso oro todos os dias a Maria, mãe de Jesus que assistiu ao nascimento e à morte dele, que ore por mim, agora e na hora da minha morte. Eu creio que Maria está viva no céu. Jesus a levou para lá. Creio que no céu há bilhões de pessoas salvas pela misericórdia de Deus. Não creio que só depois do ultimo dia da humanidade é que as pessoas se salvarão. Jesus se antecipou aqui ajudando enfermos e ressuscitando mortos. Nem a viúva de Naim pediu a ressurreição do filho, nem o paralítico em Bethesda pediu a cura. Creio que ele salvou e salva. Para mim ele é um salvador eficaz.

Faço isso como todos os católicos. Católico pensa todos os dias na possibilidade da morte e pede a ajuda da mãe de Jesus e dos santos. Somos educados a não ter medo da morte, mas também a não ficar imaginando qual será o dia do grande chamado.

Tendo dito isso eu falo da morte dos outros, de quem ajudei a morrer e de quem morreu nos meus braços de sacerdote. E não foram poucos. Fui assistente de hospital por alguns meses.

O primeiro pensamento que me vem à mente é o de Paulo: as coisas não acabam aqui ( 1 Ts 4,13-18). Um dia todos nos veremos de novo. Para os que sobreviveram fica a esperança de um dia reencontrar os que se foram para o outro lado da mesma vida, porque não há duas vidas, há uma só que nos é dada aqui no tempo e conclui-se e continua na eternidade. Achamos que seremos a mesma pessoa só que transformadas.

E digo então que assim como nascer, viver e amar são mistérios e não se escolhe, a maioria das coisas que acontecem em nossa vida devem ser assimiladas, porque não dependem de nós, inclusive o amor, que vem sem dar aviso e tem que ser assimilado. Entre os mistérios há o mistério do morrer. Sabemos de quem viemos e sabemos para quem voltaremos, não sabemos quando e em que circunstâncias, por isso penso em Jesus que disse: “estejam preparados, porque não sabem nem o dia nem a hora”. ( Mt 25,13)

Quando alguém me pergunta sobre o morrer, eu, pregador católico, lembro os santos que já morreram e continuam vivos em Deus numa outra dimensão. Se alguém me perguntar sobre morte, eu falarei de morte e de ressurreição. Para um católico não há uma coisa sem a outra, vida e morte são chamados. Viemos de uma semente, voltamos a ser sementes e, ao morrer, produzimos frutos de eternidade.

Digo que os que morreram estão em melhor situação porque eles sabem e conhecem os dois lados da vida e nós só podemos viver de esperança. Mal conhecemos este lado e nem sempre o vivemos direito. Eles concluíram seu ciclo. Vou mais longe, digo que acredito em anjos e santos, querubins e serafins e em aparições. Mas não acredito em todas as aparições nem em todos os videntes. Muitos videntes evidentemente estão enganados. Não acho que os anjos e santos apareçam tanto e se manifestem tanto como hoje em dia acontece na maioria das igrejas ditas pentecostais, não acredito que haja tantos recados e milagres quanto dizem que existem nas igrejas; acho que muitos são provocados, mas acredito sim, que existem milagres autênticos, aparições autênticas. Nunca, porém, ouvi dizer que basta chamar um santo que ele vem e aparece. A decisão não é nossa: é de Deus e Ele envia quem Ele quer, mas se eu negasse que anjos e santos podem aparecer, estaria negando a Bíblia e o poder de Deus, que tem mensageiros lá e cá.

Sou um pregador do aqui e do depois. Sei pouco sobre o aqui e praticamente nada sobre o depois. Se Jesus disse que anjos existem é porque eles existem. Jesus não é nenhum ignorante nem um mentiroso, se Ele foi citado com razoável grau de veracidade, deve ser verdade que anjos existem. Se a Bíblia disse, então anjos e santos existem e se ela o diz, os mortos estão vivos.

Se for verdade que Abraão, Moisés e Elias apareceram falando com Jesus então é porque não estavam dormindo. Então existe gente acordada no céu, viva. Por isso quando falo da morte e penso nas passagens bíblicas que nos enchem de esperança: o depois existe.

Sou como aqueles que sabem que este vale aqui é muito bom, mas depois da montanha há mais montanhas e mais vales e eu quero conhecer. Sou daqueles que acham que a vida começa e termina neste vale e neste buraco de montanha. Mais do alto, mais de cima pode-se ver que há outras montanhas, outros vales e tudo isso pode ser caminho de um ser humano.

É por isso que o caminho da espiritualidade é muito mais vasto que o do materialismo. Este acaba logo. Seus horizontes são curtos, mesmo que sejam intensos. Já, os horizontes de uma pessoa religiosa podem ser vastos e intermináveis, mas devem ser intensos. Infelizmente há horizontes superficiais. Pode-se mergulhar no raso. As conseqüências costumam ser trágicas.

Enfim, não encaro a vida de maneira superficial porque acho que ela é cheia de mergulhos profundos e novidades incríveis, mas também não encaro a morte de maneira superficial: ela também é cheia de mergulhos profundos e de novidades incríveis.

O que eu sei é que todos nascemos. Essa é a primeira verdade, estamos vivos. E a segunda, para um católico: um dia morreremos e continuaremos vivos numa outra dimensão da mesma vida que Deus nos deu. O que chamamos de outra vida é esta vida continuada, numa outra dimensão que não podemos nem se quer imaginar o quanto será melhor.

Enfim, pregador católico diante da morte não hesita, fala com naturalidade, com esperança, até com certeza. Sim, existe o agora e existe o depois, mas o depois não terá nenhum sentido se o agora não criar este sentido. De certa forma, nosso depois depende do nosso agora e nosso agora depende do nosso depois. Somos filhos da eternidade vivendo aqui para o encontro com o Deus eterno.
Eu me consolo com essas verdades e tento consolar os outros com essas verdades. Paulo aconselha isso. (I Ts 4,18) Um dia nos veremos, mas entre os que morreram e nós, os que morreram estão muito melhor. Eles, agora, sabem tudo o que é preciso saber a respeito da criação. Assim cremos, assim espera

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