
Padre
Zezinho foi autor de 1.500 canções religiosas, tendo gravado 120 discos e
escrito pelo menos 55 livros, escreveu o artigo abaixo sobre um tema que atinge
a todos nós, seres humanos, limitados, frágeis e carentes de Amor!
Salve
Padre Zezinho! Vive na sua obra e exemplo!
“Quando me perguntam a
respeito da morte, eu, que sou pregador cristão, começo falando da minha e
deixo claro que sei que um dia vou morrer e não sei o dia. E acrescento que por
isso oro todos os dias a Maria, mãe de Jesus que assistiu ao nascimento e à morte
dele, que ore por mim, agora e na hora da minha morte. Eu creio que Maria está
viva no céu. Jesus a levou para lá. Creio que no céu há bilhões de pessoas
salvas pela misericórdia de Deus. Não creio que só depois do ultimo dia da
humanidade é que as pessoas se salvarão. Jesus se antecipou aqui ajudando
enfermos e ressuscitando mortos. Nem a viúva de Naim pediu a ressurreição do
filho, nem o paralítico em Bethesda pediu a cura. Creio que ele salvou e salva.
Para mim ele é um salvador eficaz.
Faço isso como todos os
católicos. Católico pensa todos os dias na possibilidade da morte e pede a
ajuda da mãe de Jesus e dos santos. Somos educados a não ter medo da morte, mas
também a não ficar imaginando qual será o dia do grande chamado.
Tendo dito isso eu falo
da morte dos outros, de quem ajudei a morrer e de quem morreu nos meus braços
de sacerdote. E não foram poucos. Fui assistente de hospital por alguns meses.
O primeiro pensamento
que me vem à mente é o de Paulo: as coisas não acabam aqui ( 1 Ts 4,13-18). Um dia
todos nos veremos de novo. Para os que sobreviveram fica a esperança de um dia
reencontrar os que se foram para o outro lado da mesma vida, porque não há duas
vidas, há uma só que nos é dada aqui no tempo e conclui-se e continua na
eternidade. Achamos que seremos a mesma pessoa só que transformadas.
E digo então que assim
como nascer, viver e amar são mistérios e não se escolhe, a maioria das coisas
que acontecem em nossa vida devem ser assimiladas, porque não dependem de nós,
inclusive o amor, que vem sem dar aviso e tem que ser assimilado. Entre os
mistérios há o mistério do morrer. Sabemos de quem viemos e sabemos para quem
voltaremos, não sabemos quando e em que circunstâncias, por isso penso em Jesus
que disse: “estejam preparados, porque não sabem nem o dia nem a hora”. ( Mt
25,13)
Quando alguém me
pergunta sobre o morrer, eu, pregador católico, lembro os santos que já
morreram e continuam vivos em Deus numa outra dimensão. Se alguém me perguntar
sobre morte, eu falarei de morte e de ressurreição. Para um católico não há uma
coisa sem a outra, vida e morte são chamados. Viemos de uma semente, voltamos a
ser sementes e, ao morrer, produzimos frutos de eternidade.
Digo que os que morreram
estão em melhor situação porque eles sabem e conhecem os dois lados da vida e
nós só podemos viver de esperança. Mal conhecemos este lado e nem sempre o
vivemos direito. Eles concluíram seu ciclo. Vou mais longe, digo que acredito
em anjos e santos, querubins e serafins e em aparições. Mas não acredito em
todas as aparições nem em todos os videntes. Muitos videntes evidentemente
estão enganados. Não acho que os anjos e santos apareçam tanto e se manifestem
tanto como hoje em dia acontece na maioria das igrejas ditas pentecostais, não
acredito que haja tantos recados e milagres quanto dizem que existem nas
igrejas; acho que muitos são provocados, mas acredito sim, que existem milagres
autênticos, aparições autênticas. Nunca, porém, ouvi dizer que basta chamar um
santo que ele vem e aparece. A decisão não é nossa: é de Deus e Ele envia quem
Ele quer, mas se eu negasse que anjos e santos podem aparecer, estaria negando
a Bíblia e o poder de Deus, que tem mensageiros lá e cá.
Sou um pregador do aqui
e do depois. Sei pouco sobre o aqui e praticamente nada sobre o depois. Se Jesus
disse que anjos existem é porque eles existem. Jesus não é nenhum ignorante nem
um mentiroso, se Ele foi citado com razoável grau de veracidade, deve ser
verdade que anjos existem. Se a Bíblia disse, então anjos e santos existem e se
ela o diz, os mortos estão vivos.
Se for verdade que
Abraão, Moisés e Elias apareceram falando com Jesus então é porque não estavam
dormindo. Então existe gente acordada no céu, viva. Por isso quando falo da
morte e penso nas passagens bíblicas que nos enchem de esperança: o depois
existe.
Sou como aqueles que
sabem que este vale aqui é muito bom, mas depois da montanha há mais montanhas
e mais vales e eu quero conhecer. Sou daqueles que acham que a vida começa e
termina neste vale e neste buraco de montanha. Mais do alto, mais de cima pode-se
ver que há outras montanhas, outros vales e tudo isso pode ser caminho de um
ser humano.
É por isso que o caminho
da espiritualidade é muito mais vasto que o do materialismo. Este acaba logo.
Seus horizontes são curtos, mesmo que sejam intensos. Já, os horizontes de uma
pessoa religiosa podem ser vastos e intermináveis, mas devem ser intensos.
Infelizmente há horizontes superficiais. Pode-se mergulhar no raso. As
conseqüências costumam ser trágicas.
Enfim, não encaro a vida
de maneira superficial porque acho que ela é cheia de mergulhos profundos e
novidades incríveis, mas também não encaro a morte de maneira superficial: ela
também é cheia de mergulhos profundos e de novidades incríveis.
O que eu sei é que todos
nascemos. Essa é a primeira verdade, estamos vivos. E a segunda, para um
católico: um dia morreremos e continuaremos vivos numa outra dimensão da mesma
vida que Deus nos deu. O que chamamos de outra vida é esta vida continuada,
numa outra dimensão que não podemos nem se quer imaginar o quanto será melhor.
Enfim, pregador católico
diante da morte não hesita, fala com naturalidade, com esperança, até com
certeza. Sim, existe o agora e existe o depois, mas o depois não terá nenhum
sentido se o agora não criar este sentido. De certa forma, nosso depois depende
do nosso agora e nosso agora depende do nosso depois. Somos filhos da
eternidade vivendo aqui para o encontro com o Deus eterno.
Eu me consolo com
essas verdades e tento consolar os outros com essas verdades. Paulo aconselha
isso. (I Ts 4,18) Um dia nos veremos, mas entre os que morreram e nós, os que
morreram estão muito melhor. Eles, agora, sabem tudo o que é preciso saber a
respeito da criação. Assim cremos, assim espera
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